São os traços invisíveis de uma sensualidade aparente,
Um batom rude que escorre corpo inteiro.
É de uma tal delicadeza que esfarela a tua sede amarela,
Um perfume nu que deságua sem cheiro.
São os riscos visíveis de uma elegância imponente,
Um cabelo despenteado que desaba na sombra do sabugueiro.
É de uma tal fortaleza que estreita a aquarela,
Mãos leves que abraçam flores iguais a canteiros.
A sensualidade despida e inoportuna,
Os leves vestígios de tua rara fortuna.
É de uma fome vaginal, de um falo matinal,
A boca rasa, o fogo na brasa.
Era a dama, essa rainha da tortura.
Com os pequenos pinceis,
A se pintar em amor virginal
E no fim se vestir de falsa candura.
Foto: Brent Stirton