sexta-feira, 15 de março de 2013

Serra e Faca


Esbugalha-te os olhos-me
Desvenda-se a carne-te
Encurtalha-lhe

Cega e fere
a mordida
do lobo

Corre-me a alma-te
Trepa e rasga-se
Anavalha-o o coração-lhe

Toca e manda
a toada
ao som da boiada

Afoita-me e abraçe-te
Certo-a lumeia-me
Serra-nos

Fagulha que lampeja
a escuridão que não seja
ceia a farta mesa

Faca e corta
e assemelha
me vejo entre eu
e tua sobrancelha.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Minha cabeça não tem partido, tem cérebro


É preciso criticidade lúcida para expandir a opinião para além de legendas partidárias.

Canso de ler nas redes sociais pessoas que estão à frente de lutas por Direitos Humanos, não conseguirem visualizar um cenário além de sua legenda partidária. Com isso, na semana em que marca historicamente a luta das Mulheres por direitos, acompanhei, no mínimo dois fatos curiosos.

Eu gosto de utilizar o termo "fato", porque nosso cotidiano é marcado de fatos e são eles que nos impulsionam para agir, de forma coerente ou não, para que haja transformações... 

O primeiro dos fatos, é sem dúvida o de maior repercussão: a eleição de uma pessoa preconceituosa, racista, homofóbica, de conduta social questionável para presidir a Comissão de Direitos Humanos na Câmara. O "senhor" Marcos Feliciano. Para mim, pouco importa o fato dele ser um pastor evangélico, pois esse não deve ser o problema central da questão, mas sim, os seus atos, as suas falas e suas condutas para com o povo brasileiro. Exigir que não tenha representantes de religiões nos âmbitos de decisões de Estado (para que seja laico), é o mesmo que tentar afirmar que no Brasil não há e não deveria haver pluralidade.

A eleição dessa pessoa perpassa o velho jogo político que os partidos fazem desde sempre. Para as cabeças partidas (oriundas de partidos) é o grande inimigo imperialista, capitalista e tantos outros "istas" que fez toda a manobra. Para a minha cabeça não um demônio conspirando a todos instante. Nem há, em mim, um sentimento de perseguição constante... ou talvez até haja e ele é o resultado de nossas próprias escolhas: escolher entre um partido político ou outro; entre uma secretaria e outra; entre um ministério, religião, roupa...

O segundo fato é que nesta semana, aconteceu em Brasília, diversos atos de Movimentos Sociais, Centrais de Trabalhadores e grupos comunitários para exigir uma série de reivindicações. Dentre estas, estava um grupo de prioritariamente de camponesas em frente ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que pediam a possibilidade de terem água de qualidade para o consumo em suas propriedade, principalmente nos municípios do nordeste goiano.

Para a surpresa, essas mulheres não foram recebidas pela ministra, que está à frente de um Ministério para atender às necessidades de famílias pobres deste país. Aí pergunto: Que país é esse? Que Governo é esse? 

Não sou especialista em política, mas já sei que assim como religião, partido também não salva! Eu esperava mais de um governo feminino e de esquerda, no campo dos direitos humanos, das políticas sociais. Enquanto critica-se o capitalismo e o dito imperialismo (quase falido) norte-americano, é de lá que tem vindo apoio, principalmente à comunidade LGBT. Novamente pergunto: Quantas vezes nosso governo se posicionou abertamente para as necessidades dos homossexuais?

Enquanto isso temos esse mesmo partido de esquerda dando breja em seus arranjos para manter-se no poder para que políticos como esse deputados Marcos Feliciano assuma a presidência de algo vital para nós brasileiros que precisamos de direitos reconhecidos. Temos um Renan Calheiros também no poder... Aí chego à conclusão que precisamos do ardor de outrora deste PT para atender às necessidades do povo brasileiro.

Espero que o menos esse governo e a ala política de esquerda, com seus aliados, possam dar credibilidade às manifestações do povo e reparar seus erros consecutivos, pois um "País rico é um País sem pobreza", mas é preciso riqueza de coerência, ética e humildade para escutar o os brasileiros querem.

Foto: Marina Muniz