quarta-feira, 21 de março de 2012

Folhas outonando



Quando se percebe já é manhã.
Quando se avista a manhã, já é tarde.
Quando se aprecia o se por, já é noite.
Aí é tempo de fazer uma oração,
é momento de rezar uma reza de coração.
Proteger-se com um benzimento com galhos de arruda e açafrão  
Porque sempre é necessária qualquer ajuda.



Quando se percebe já é manhã.
Quando se avista a manhã, já é tarde.
Quando se aprecia o se por, já é noite.
Aí é tempo de perceber que as folhas outonam.
Não porque são obrigadas, mas por sentirem-se necessárias.
Elas caem brusca ou lentamente,
vão buscando os espaços no chão latente,
abraçando a terra-mãe clemente.
Outonam, para que a outra estação venha.


Aí, quando se percebe já é manhã.
Quando se avista a manhã, já é tarde.
Quando se aprecia o se por, já é noite.
A nova estação veio, porque elas aceitaram mudar,
iguais às revoadas ao entardecer: 
lindas, simples, coordenadas, de uma poesia para estremecer,
de uma beleza para lembrar.


Quando se percebe já é manhã novamente.
Somente.
Porque elas, as folhas, outonaram.
Milagrosamente.

Um comentário:

  1. Cada estrofe com sua particularidade, com sua beleza e encantamento!
    Cada momento traduzido em frases simples e bem colocadas!
    Cada sentimento expresso, é mágico!
    Parabéns e obrigado por essa magia.

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