sábado, 3 de março de 2012

A dama



São os traços invisíveis de uma sensualidade aparente,
Um batom rude que escorre corpo inteiro.
É de uma tal delicadeza que esfarela a tua sede amarela,
Um perfume nu que deságua sem cheiro.

São os riscos visíveis de uma elegância imponente,
Um cabelo despenteado que desaba na sombra do sabugueiro.
É de uma tal fortaleza que estreita a aquarela,
Mãos leves que abraçam flores iguais a canteiros.

A sensualidade despida e inoportuna,
Os leves vestígios de tua rara fortuna.
É de uma fome vaginal, de um falo matinal,
A boca rasa, o fogo na brasa.

Era a dama, essa rainha da tortura.
Com os pequenos pinceis,
A se pintar em amor virginal
E no fim se vestir de falsa candura.

Foto: Brent Stirton 

Nenhum comentário:

Postar um comentário