domingo, 23 de março de 2014

Sapato? Que sapato?


-Sim. Quem é?
(...)
Não, queridinho, estou ocupada!
Trabalhei o dia todo, na sexta-feira
ainda lavei casa e deixei a roupa
toda passada.

Saí à meia noite
e tomei todas.
Beijei um sapo
e ainda comi bacon
ao sair da balada.

Ah, meu caro!
Quero mais é ficar
chapada,
deitar de boa
no sofá e
ver a tevê.

Não sou dessas!
Meu pé eu não perdi,
eu só queria te confundir
após aquele beijo
sem sal.
Foi assim... muito normal.

Na minha comida eu uso
é muito tempero!
Gosto de cheiro verde
e com alho me lambuzo.

Esse sapatinho não é meu!
Nem queira me aborrecer
bebê...
Não quero um príncipe,
quero ser feliz do meu jeito,
de verdade.
Não venha sequestrar
minha liberdade!

Imagem aqui


quinta-feira, 13 de março de 2014

Eu [não] amei


Era primavera na minha noite quando deixei de amar.
Amei tanto que fui definhando feito orvalho ao ar.
E não queria mais,
mas também não queria pouco.

Assisti, de longe, o drapeado do nosso caso.
E, ao fim, amei minguante,
mais que um punhado
de arroz com marinheiro.

Não eram do mar.
Escorria pelo céu...
da boca.

E era ainda outono
a última vez que lavei-me.
Queria assegurar a permanência
de existir ao léu.

Deixei, naquela noite de primavera
o ar e as ondas que plainam a
asa da gaivota.

Não molhei com outra água a minha boca.
A saliva de teu beijo me basta.
O teu beijo povoa,
desde ontem,
a minha garganta seca.

Amanhã... Amanhã já não sei
se sede ainda terei.