sexta-feira, 19 de março de 2010

O que move...

Sou assim, essa multidão que vive em mim:
É de pó, é de rostos, de vidas, de sorrisos, de olhares, de gestos e de tristezas... É de nomes que sou.
Faz morada em mim todos esses sentimentos simples, da gente oculta, pálida, dos vultos crescidos na clandestinidade... moram em mim todas as identidades, as sanidades e as santidades...
Sou o pó que vagueia por todos os lados, que pára com a chuva e continua com o sol... Existe o pó, esse que você não vê... e tá bem ai, contigo!
Faço-me todo dia em cada nome que acrescento ao meu... a cada luta que lutam, a cada guerreiro e guerreira que tomba... que é tombado, domado, sonhado, adormecido e despertado.
Sou o silêncio que gosta de significar, o grito silencioso de muitos sonhos e muitos desejos...
Tenho medo da morte, mas preciso morrer todo dia para nascer, para aprender... Morro, mesmo não querendo, para olhar:
com olhos de admiração.
com choro de desconhecer.
com paixão do desconhecido.
com sabedoria do nada vivido.
com a vontade de ter a eternidade de vida, até a próxima morte.
com o jeito de criança acolhedor e desprotegido.
Sou essa memória que você faz agora... e seremos todos juntos desde os ancestrais...
Porque somos todos e um só.