sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Olhar de um segundo


Não se sabe ao certo qual será o dia
Muito menos quando será a noite.
Há uma leve esperança da certeza,
Um certo medo do instante.

Nada mais. Ela virá.
Seja lá como for,
pode ser até com cheiro de flor
ou por causa de um desamor.
A certeza é que nascemos para a morte. Uns, ainda enxergam poesia no instante,
mas para nós há sempre a incerteza de que realmente aconteceu assim.
Cartas podem ficar prontas.
Destinando a vontade de viver aos vivos-mortos.
Porém, o que não fica é o fôlego de outrora.

Às vezes, vem cedo demais, para a gente.
Não para quem ela chegou.
Hora marcada? Nada, passagem comprada.
Uma ida e, algum dia, uma volta encomendada.

A sensação que tenho dela é a sensação de que não vivi a morte ainda.
Não sei ao certo. Só ao incerto.
Como se fosse um inseto
que passa por um instante e sua vida
finda.

Da morte guardamos rancor. Dos entes queridos, as lágrimas ou  o amor.
Ou a dor.
Ela é incoerente mesmo.
Com caminhos inacabados,
coisas desarrumadas
malas por fazer
muito para viver.

Da morte temos o medo. Medo infantil do escuro.
Quando escurece e nos cobrimos com o lençol
mal algum habita.
Assim deve ser no último segundo
para abrir os olhos de defunto
e enxergar um outro mundo.



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