quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Teceu, tecida


Cansada, por um instante, parou de tecer. Deixou as estrelas dizerem o que mais valia.
Cortou as agulhas, aparou as unhas e desceu.
Fio abaixo.
Até o último instante.

Condenada, envelheceu, e de muito tecido.
Se viu sem vestido para esconder-se da lua clara.
E assim, em seus dias, ela ia.
Bem distante!

Já na velhice de seus dias precoces, parou de tecer para ver.
Viu a trama toda feita.
Numa noite, pelo amor eleita.
Nada demais
Nem roupas nos varais!

Esquecida, deixou os fios tecidos
preparou um último vestido
desejou nunca ter morrido
e enfim, encontrado o amado perdido.

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