sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Café e fé


Ao preparar um café, agora a pouco, percebi que há um ritual no fazer. Claro, tudo há um ritual. No entanto, meu ritual para prepará-lo não é só meu. Vem da minha avó, que aprendeu com sua mãe e sua mãe aprendeu com a dela.

Aí também descobrir, quando a água, dava seus primeiros borbulhar, que é preciso fé. Então café é uma questão de fé. Acreditar no tempo certo e nas medidas exatas para deixá-lo igual à uma poção mágica.

Minha avó, sempre fazia o mesmo café. Nada de contar as colheres de pó ou de açúcar. Muito menos a medida da água, que sempre passava da quantidade, para a lavagem exata da garrafa. Coador, deveria ser sempre de pano. Aprendi isso à risca, como quem precisa ir, todos os domingos, de manhã, à missa.

O cheiro. É o termômetro para dizer: está no ponto! Sim e a fé? A fé está em acreditar que qualquer ritual nos deixa mais próximo dos mistérios. E mistérios nem sempre são complexos.

Agora, tomo meu café feito na fé. Tonalizado e batizado nas memórias que me remetem a outros espaços e tempos. Talvez, tempo esse que eu nem tenho consciência explícita dele, mas que corre em minha veia.
  

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