domingo, 12 de agosto de 2012

Crônica da última noite com você


Achei que não, mas era mentira. Apesar de toda a ausência ainda há toda a sua presença. Como se fosse um presente raro e bobo, que a gente não joga fora por achar fofinho demais.

Percorri aquelas mesmas calçadas que a gente. Vi as mesmas lojinhas entalhadas em fechaduras que antes admiramos feito criança. Sentei, por alguns segundos, naquele banco de madeira, naquele mesmo restaurante com vista para o riacho e para as pessoas se banhando nas geladas águas.

Não tomei a nossa bebida, mas comprei uma água, para acompanhar os meus olhos que se molhavam naquele instante, ao memorar a foto límpida, cravada em porcelana, com dizeres de amor eterno.

Você não estava lá para tirar aquela foto do impossível, nem da bonequinha de lata, mas eu fui lá e disse a ela que eu também sinto saudade. Cortejei as mesmas formigas, com menos admiração porque eu estava solitário demais.

Pirinópolis. Eu sei que tem muito de muitos, mas também sei que tem muito de mim lá...Por isso, não quis repetir as mesmas fotos, não quis macular os mesmos lugares nas mesmas lembranças.

Até olhei, para ver, se por acaso eu não encontrava você a metros de distância para fotografar seus passos. Não encontrei. Mas me vi, parado sorrindo com a alma o amor do passado, as juras fincadas sob a voz daquela cantora, na melodia perfeita daquelas músicas.

Voltei lá. Vi tudo diferente e até pensei que a cidadela toda havia mudado de lugar. Mas não. Naquela época, eu via tudo com os seus olhos e dessa vez, fui obrigado a ver com os meus próprios. 

Foi bonito, eu confesso. Foi alegre, eu acredito. Mas não foi completo. Porque completo mesmo o tempo apagou e há certas borrachas que apagam por definitivo, mesmo que ainda haja o contorno do que um dia existiu naquela folha.

Fiquei feliz sim, por ver novamente e dessa vez olhar toda a poesia e ter que deixar o amor calado. Ele, o amor, tem mania de dizer palavras impróprias em momentos perfeitos. Até mesmo ele se desgoverna, às vezes e todas as justificativas são poucas para o amor, porque amor é amor. Igual à última noite com você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário