segunda-feira, 16 de julho de 2012

“Mi dá cinquenta centavos. – Não tenho! – Então mi dá tudo que você tem.” Ou Cadê a Polícia?!




Domingo, recém chegada a boca da noite, ainda antes das 19 horas, na esquina da Rua 10 com a Praça Cívica, em Goiânia... Bem perto da Catedral! Um  casal (homem e mulher) aborda a gente querendo R$ 0,50 (cinquenta centavos).

Claro, eles não querem muito, precisam de pouco, só alguns centavos, mas nós somos obrigados a ter essas moedinhas reservas para ir distribuindo pela cidade. É quase necessário um emprego extra para cumprir com tal obrigação de ser “solidário”. Ninguém pede comida, ou fala que está com fome, se dispõe a ir até uma lanchonete para receber algo para comer. Precisam mesmo é das moedas!

Se você não tem? Ou passa longe e reafirma a invisibilidade social destas pessoas ou é educado em dizer que não tem. Mas e o resultado? Aí, apontam uma arma (seja faca, facão, peixeira, revólver, etc.) e levam tudo o que podem e continuam caminhando como quem recebeu sua parte no imposto.

Exatamente isso que aconteceu comigo ontem... Enquanto pessoa ligada a movimentos sociais, engajado nas lutas por “um outro mundo possível”  (se é que ele possa existir), acredito que ambos somos vítimas de uma mazela que acomete todos.

Enquanto pessoa que estuda as Políticas Sociais Públicas, acredito que somos vítimas empobrecidas de um sistema brutal e corrupto. Que são necessárias a criação e formulação de políticas sociais capazes de compreender esse universo das pessoas que vivem às margens e incluí-las de forma digna nos “centros”.

Porém, enquanto vítima, eu desejava e desejo uma ação mais eficaz do aparato legal que deveria estar a meu serviço para proteger-me de crimes iguais a estes e a outros.

Nesses momentos cadê a polícia? Ligar para a emergência e informar que você está  a duas quadras de uma delegacia, dizer o ocorrido e que está vendo os ladrões caminharem na sua frente com seus pertences é o mesmo que nada.


Recebemos uma resposta sim do 190: “Estou indo agora”. Entretanto, esse agora é muito relativo para cada pessoa, para cada instituição! E geralmente, as pessoas de bem sofrem com essa discrepância de demora no entendimento do termo...15 minutos, 30 minutos e, uma delegacia a menos de 5 minutos do ocorrido, não pode dar efeito socorrido.

Triste ainda, é ver que  cada dia mais em Goiânia, assim como em outras cidades, todos nós estamos nos tornando reféns dos tais “guardadores” de carros. Já não há mais lugar público para estacionar. Ou você paga para poder pagar em um shopping ou numa loja, ou então você pode deixar na rua (aonde é permitido estacionar).

Lógico, tem o bom serviço daqueles que vão vigiar seu carro por "algumas moedas". Serviço obrigatório! Eles (os guardadores/vigias de carros)  estão em toda parte e a gente se sente coagido a ter que pagar para colocar o veículo num local que era, por natureza, público.

Mas existe a opção de não dar moedas. Sim. Só que aí, corre-se o risco de ter vários riscos em seu veículo, ser “carimbado”, porque muitas vezes os mesmos que estão dispostos a “vigiar” são os mesmos a causar algum mal a você...

Precisamos de ações enérgicas tanto em termos de políticas sociais, quanto de políticas de segurança para que não estejam no meio de uns, os outros que vão apontar uma arma pra gente e levar o fruto de nosso trabalho diário.

É preciso ação conjunta para desarticular esses locais e desarticular essa prática. O que antes custava só qualquer tanto de moeda, hoje tem um valor estipulado, sem a opção de aceitar ou não, pois não se trata de uma negociação, de uma doação...E aqui gostaria ainda de citar a Catedral Metropolitana, que fecha os olhos para essa  prática e abriga usuários de droga “vendendo” o serviço de proteção aos veículos dos fieis  em suas sagradas escadarias.

Por último, no turbilhão de indignação, pergunto-me: Cadê o papel social da Igreja para que o Reino prometido comece aqui e não após sermos vítimas da violência sob seu teto? Sua interferência no Estado deveria perpassar por essas questões também! 


Nenhum comentário:

Postar um comentário