quarta-feira, 18 de julho de 2012

Tive um surto amoroso



Era para ser uma lavagem das escadarias precoces da mente, mas no meio do caminho surtei.


Ancorei no lençol quarando no capim do quintal, na casa de vovó Lili. Ah, só levantei quando Leão, o cachorro perebento do vizinho lambia minha boca, num gesto muito afetuoso!

Quatro dias depois do amor percebi que eu não conseguia lavar minhas mãos. Eu tinha convicção, após estudar as cadeias produtivas, que ali, era o lugar mais sujo e com maior probabilidade de encontrar você.


Até pensei em contestar o caos que colocava na órbita o desnorteamento do amor. Mas, um dia antes do Amor eu soluçava a ausência e três dias depois, vomitava a presença.


Pensei em mudar de planeta, porém descobri que era mais fácil cortar, com a tesoura velha de minha mãe, o cordão umbilical que me ligava ao mundo.


Pronto. Depois do sétimo dia morri no meu surto amoroso, como um último gosto sentido, o açúcar beterraba.



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