sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Des-atento


Tudo que eu conheço sou por demais medido:
Faço cafezinho ao anoitecer para amanhecer,
Dou importância demais ao sache do chá,
Mastigo por de menos cada comprimido,
Meus olhos esquecem de não reparar nos detalhes do viver.

Tudo que eu conheço sou por demais comprometido:
Desfaço suavemente o laço da caixa de bombom,
Rasgo vorazmente o véu de tua pele,
Toco com os lábios um ritmo frenético,
Dança uma coreografia sincronizada,  meu coração.

Tudo que eu conheço sou por demais engolido:
Risco no papel desenhos sem sentido,
Escuto quase nada que vem de mim,
Desmereço cada parte nobre: o desprezo e apreço,
Minha alma alimenta-te mesmo sem ter o endereço.

Tudo que eu conheço sou por demais medido.
Tudo que eu conheço sou por demais comprometido.
Tudo que eu conheço sou por demais engolido,
É algo em mim, meio assim:um gigante nobre e adormecido
Que pelo amor abala o mundo com o rugido.     

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