sexta-feira, 16 de novembro de 2012

De fino trato



Essa minha ânsia
De cobrir teu mundo com carinhos profundos
De gestos profanos
Faz até minha pele
Habitar na intolerância.

São esses os muros
De todos aqueles meus murros
Esvoaçados
E soltos
Como crinas de cavalos molhados.

Tiro cada folha
E atiro pela árvore
A janela que não se abre
Denunciando minha fina exuberância
Num ponto fixo
Feito mármore.

Porta-retratos
De meus dias em outros tempos
Céu nublado e arame farpado
Coração acelerado
Feito ratos.

São essas minhas imagens
Que predomina fina camuflagem
Vida de fino trato
De nada tenho ódio
Faço do tempo meu relógio.

*Agradecimento a Rayner Alves, que gentilmente colaborou com os termos: "intolerância, árvore, porta-retratos, relógio".

Um comentário:

  1. Uau! Fiquei encantado ao ver no quão belo poema a singeleza das minhas quatro palavras se transformaram. Obrigado amigo Jossier por acolher minha sugestão. Abraços ternos. Rayner.

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