sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Por que entr-em-riscos?


Quem nunca correu algum risco? Quem nunca, em sua vida, deixou de lançar-se ao desconhecido? O porquê de "entre(em)riscos" é um convite, pois escrever é aventura, é aventurar-se.

Tem pessoas que extrapolam seus limites pulando de para-quedas, voando de asa delta, escalando montanhas. Outras, aventuram-se, na linha que define seu limite, escrevendo.

Sim, escrever é iniciar uma jornada escura e, muitas vezes, sombria. Quem escreve diz a si mesmo que há limites e o nosso, pode estar apenas na mente, mas também no físico. Por isso, admiramos tanto quem escreve (bem).

No entanto, quem escreve é um medroso de si mesmo e das palavras. Das suas ou das palavras do outro. Ele escreve para legitimar que corre-se riscos a todo momento. Mesmo que estes não sejam visíveis e aparentes. Mas há o perigo!

Escrever, é como diria um amiga minha "negritar" a aparente fragilidade e transformá-la, magicamente, em força para quem escreve e para quem lê. Aliás, não há leitores. Há desafiadores da palavra existente. Porque ler também é extrapolar seu limite e arriscar-se no outro, tomando para si a vastidão encontrada pela palavra.

Entrar em riscos é uma possibilidade de se fazer mais vivo, mais inocente e não muito menos cruel. De fato, quem escreve há, além de sensibilidade, crueldade. O porquê dessa crueldade vem do momento em que acolhe-se cada palavra e dá a oportunidade a ela de tomar seu lugar, organizar-se e conspirar para romper bruscamente o véu do medo.

Crueldade com quem escreve e com quem faz da escrita os seus riscos diários. Pois, para escrever é preciso arriscar-se, entregar-se, desejar de forma plena o que estar por vir. Assim como é na vida!

Se eu perguntar para mim mesmo se estou pronto para entrar em risco, direi que não. Sim, o risco precede o perigo! Porém, o que faz eu sair do lugar: é o medo (que me impulsiona a correr, planejar, fugir, lutar, gritar) ou a coragem (que me traduz a confiança de ficar no ponto em que estou)?

Ninguém quer, aparentemente, correr perigo. No entanto, é diferente de entrar em riscos... Quem corre o risco de escrever, está constantemente entrando em perigo. Um perigo solitário e coletivo. Um risco que faz as palavras arremessarem cada limite para longe, até alcançá-lo e novamente repetir o movimento...

E então preparado para entrar - em - riscos?


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