segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Dia de roceiro



Eu paro e penso naqueles dias. Dias tão rosados quanto o rosto do Sr. Dias. E Dona Maria Fia?
Ah, como ela dizia que em dias de lua cheia tudo rendia.
Meus olhos até hoje ficam parados percorrendo os cafezais.
Correndo entre os quintais e debulhando milharais.

Quanto cansaço! Era um trago e um maço
E meus tios até comiam macaco.
Eu preferia caçar passarinho no laço. 

Dias de enrolar na palha o tabaco.
E esquentar ao sol a cartucheira para ir ao mato.
Tocaia!
E havia a lua que espantava os medos
Até que os bichos escapavam entre os dedos.

Eu paro naqueles dias. Dias de peixe frito.
E minha avó?
Tecia uma carne de frango macia
Com massa para toda a família na bacia
E assim a vida ia.

Aquelas noites... arrumava-se uma grande vara de pescar
E rodopiava pelos olhos curiosos de vovô
Antes de dormir e acordar cedo.
Pescava-se um bando de morcego
Coitados!
Apenas ficavam atordoados.

Quando havia as fogueiras
E um punhado de molecada
O mundo perdia sua beira
E até os velhos era uma única brincadeira
E assim a vida era levada.

Comida levada na roça
Ao meio-dia para tirar a carga das costas
Comida fria
E sol quente
Igual ao feijão com muito alho de dente.

E assim iam os dias da gente...




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