Então as pertenças e o desejo de ser, de ter, de quer...confundem-se
com o egoísmo e o orgulho de possuir, de expor. Mesmo que seja na
invisibilidade do todo, no momento em que é declarada a pertença, aí vem a ausência.
Parece-me que todos nós estamos propensos a ser vítimas
dessa pertença egoísta, que muda e transmuda de um ciclo a outro, de um status
para outro.
Quando abrimos as portas para a pertença, é como se acolhêssemos
todas as ausências. Ou que outras emoções e sentimentos resolvessem sair e
deixar só a pertença, lá no plano central: solitária, fria até que ela mesma já
não se reconhecesse como pertença e ao se olhar no espelho visse só a ausência.
Talvez seja esse um erro grave a cometermos: queremos tanto
ter a pertença e quando a temos, a deixamos demais sobre os cuidados da
ausência.
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