segunda-feira, 27 de junho de 2011

Solo


Contorcendo-se pelo solo à procura da coreografia exata.
Ouvindo-se na música que o torna só, contorce-se até a próxima faixa.
Solo.
Solo barroso.
Solo saboroso.
Solo por solo.
Em passos milimétricos e imperfeitos,
Arrastando-se pelo ar, escutando somente o fôlego.
Nada se encaixa.
Nada se acha.
As sapatilhas vermelhas rasgadas jogadas na caixa.
Bailarino de si.
Coreógrafo de ti.
Solo.
Solo pastoso.
Solo em nada mais.
Bailando-se entre as veias.
Escondendo-se das cabeleiras negras feias.
Solo, porque não há coreografia duo.
Solo, porque no coração é só.
Solo, porque no solo some.
Solo, porque amor tem fome.


E no fim vira pó.

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