segunda-feira, 27 de junho de 2011

Minha ganância de você



Não acredito nesse amor barato. Não me importo com esse amor nobre que sinto. Nem naquele que me oferecem.
Sinto falta da infância e daquele amor imaginário, que viria na calada.
Que dançaria, que selaria os cavalos e partiria.
Saudade mesmo, eu sinto dessa minha ganância de outrora, em que só existia tempo seco. Em que o amor era uma figura, una e trina: eu, você e nós.
Nós que a vida construiu por sí, porque ela também é mesquinha. Assim como esse amor que não é vermelho.
Amor que não tem cor pura, que é misturado, tingido. Por vezes desbotado.
É esse amor que quero, um amor tão casto que é minguante, mas que é cheio.
Não! Não sinto falta desse amor singelo, magrelo.
Sinto fome desse amor que você é capaz de fingir me oferecer e eu aceitar.
Sinto desejo de ficar nu com o seu amor e passar horas na cama revirando os lençóis.
Quero desfazer esses nós, nós!
Sim! Você é minha ganância, é minha ânsia de acertar o erro.
Por isso é torto, é escuro, é casual: é um amor com privilégio de paixão.
Não é lindo, não é feliz, não é morno, não é certo. É amor!
É um amor que sinto falta, pois ele é encardido, que precisa quarar no varal.
Esquentar-se no sol, banhar-se no rio.
Sinto falta do amor de outrora jamais existido, porque é um que tem cheiro de corpo nú.
De músculos contorcidos, de suor.
O amor que quero da infância até amanhã é aquele que não encontro puro, nem puramente.
É aquele amor que sinto falta.
Falta do seu sexo.
Falta do seu corpo.
Falta do seu gemer,
Do seu tremer.
Do seu falar,
Do seu respirar.
Falta daquilo que é minha ganância em você: do teu imperfeito amar.



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