domingo, 27 de março de 2011

A maçã


A mulher nunca acreditou em contos de fadas. Jamais havia visto príncipe, nem tampouco avistado castelos.
Sua crença era saber que no próximo amanhecer o sol mancharia suas roupas quarando à beira do rio. Sua fé estava em banhar-se nas correntezas turvas do lago misterioso e ver os males sendo banidos com o nadar dos lambaris.
Sua fé, sua magia. Suas mãos, seus medos. Seu coração, sua fragilidade. Em dias iguais aqueles dos contos, veio o príncipe e trouxe a ela a maçã.
Estava de branco e vermelho, ancorada, a fruta repousa silenciosamente sua dose lenta e letal de um veneno raro. O antidoto? A mesma dose do mesmo veneno.
Aos poucos, os peixes deixaram de nadar, o sol ficou sonolento e já não quarava as roupas, até o dia em que o conto acabou. Para ela que não acreditava em contos de fadas, fadas de contos viu... e até um príncipe.


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