segunda-feira, 13 de maio de 2013

Descobrimento dos Trinta


Descobrir-se aos trinta é quase uma sensação de estar no meio de uma encruzilhada. Nem andou muito, nem andou pouco. Não é jovem, mas também não é velho. Não pode avançar os semáforos, muito menos recuar.

É uma sensação, aos trinta anos, de estar no meio vindo de algum lugar indo para não sei onde. Não que qualquer caminho valha à pena, mas que ainda há as incertezas e os medos da velha infância. Não se pode esticar demais porque o cobertor ainda é aquele usado no final da adolescência, no entanto, uma posição fetal já não condiz com o que quer que você queira e queiram de você.

As estranhezas de se fazer trinta aumentam, quando pensa que nasceu no mês cinco, nem no um, nem no doze e muito menos no seis. Tinha que ser no mês cinco, um quase meio, nem pra frente, nem para trás. Também é questionável, quando se nasce no dia dezoito, pouco depois do meio, mas não muito adiante. E quando você faz as contas e descobre que nasceu às 12h20 em plena quarta-feira?!

Isso lá são horas de nascer? Talvez, seja por isso que meu dia só começa após o meio-dia. Antes disso, não estou nascido para nada, nem para tomar café!

Quarta-feira, sempre foi meu dia preferido já não é mais o início da semana, mas também não é o fim. E nesse meio, há sempre a ilusão de conseguir concluir tudo o que se iniciou após o meio-dia.

Sempre achei que aos trinta eu deveria ter concluído tudo o que queria, porque acabaria alí. Não sei, pode ser que até termine, mas como nasci de meio-dia para tarde, também posso pensar em fazer outras coisas após as 12h20. Particularmente, acho números bonitos.

Enquanto a maioria nascia de madrugada, na madrugada eu já estava pronto para curtir a noite e já tinha visto o primeiro pôr-do-sol. Talvez, seja também por isso que minha cabeça chegou lá, depois do meio, antes do meu corpo. E que seja assim...porque taurino gosta do descompasso, do faz-de-conta: quando pensam que está furioso, não está; quando acham que está manso, abaixa a cabeça, joga vento pelas ventas e parte pra cima.

Coincidetemente, aprendi bem antes dos trinta a observar o comportamento dos touros e sempre achei calmos demais, mas que não apareça murundu no meio do caminho...é cabeçada pra todo lado.

Aos trinta, a gente começa a aprender a ser intolerante com a intolerância. A engolir menos seco e a acordar mais cedo [eu, continuo acordando tarde]. Descobrir-se com trinta é como acordar ao meio-dia: descansou mais pela manhã e tem energia a mais pela tarde.

E assim vem os trinta, nem no início, nem no fim. No meio.

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