sábado, 17 de novembro de 2012

Mar (solidão) morto


Às vezes, o peito arde e sem saber a gente procura os espaços vazios, as frestas existentes, as lacunas latentes. Simplesmente não encontramos nada que nos incrimine. Porém, é uma ardência que culmina em febre e resulta em uma solidão, uma saudade daquilo que nem sequer saber o que é.

Solidão. O nome dela é o que vem à cabeça e ao coração. Saudade. Companheira fiel da solidão, que embarca para mares profundos, desconhecidos em nós mesmos. Numa fração de tempo, passa uma multidão de olhares, sorrisos, abraços, beijos, pessoas, promessas em nossa cabeça e tudo é tão rápido quando o vazio.

Parece que na madrugada a Solidão reina absoluta. Porém, o mais triste talvez não seja sentir solidão e saudade dos outros, mas da gente. Quando fazemos falta em nós mesmos, dói. É uma dor que provoca um abismo, como se fosse uma alto-traição. Será que tem coisa pior do que trair a si mesmo?! Pode ser que sim, mas para mim não.

A gente vê algo de alguém e já nos sentimos sabotados pelo outro, mas, na verdade, é por nós mesmos. Sabotamos a nós mesmos no momento em alimentamos alguma expectativa do que é tão incerto quanto o próximo suspiro. Traímos-nos a partir do instante que deixamos a solidão e a saudade ancorar no nosso porto. E elas sempre brincam de amor. De uma coisa tenho certeza: toda vez que vem um amor e ele se vai nos deixa um pouco mais morto.


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