terça-feira, 20 de novembro de 2012

Calado feito solidão


Às vezes acho que realmente ficarei calado. Calado de silêncio, de ideias e de amores. Calado feito a solidão. Eu até acredito que sei perfeitamente a gramática do silêncio e, sem mais, nem menos, aborreço-me  com a vaga possibilidade de ter aquele como o último momento a falar.

Até tento ficar silenciosamente calado. Mas não, elas não deixam! As palavras começam a fazer um movimento circular dentro de mim e vira um revoar, um reboliço que se eu não deixá-las sair, vomito.

Eu prefiro que elas saiam mansamente, de forma poética desenhadas ou escritas. No entanto, dana-se tudo quando, engasgadas, correm porta afora e se jogam bruscamente agora. Pensas que é só com as palavras? Não! Com os sentimentos também. Aliás, não sei qual dos três é mais rebelde: minhas palavras, meus sentimentos ou eu.

Não é que eu fale demais, mas acho necessário. Nem que eu sinta demais, acho algo sumário. Se o meu calar, então, fosse silêncio... Ah, não! Definitivamente, não é. Pelo contrário, meu calar estica asperezas até pelo olhar e, por fim, branda - igual à pluma que vai repousando lentamente na grama.



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