sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Comi a esperança


Engoli a nossa esperança.
Sim, sem receios!
Foi você mesmo quem a deixou em cima da mesa.
Hoje, a encontrei pela manhã.
Antes eu não a tinha percebido,
mas nessa manhã, desconstruído pela noite clara
tive fome de comê-la.

Confesso-te:
- Desceu lisa, escorregadia e babenta garganta abaixo.
Acho que estava vencida.
Igual à tua vida.

Recado-te:
- Ele me engoliu silenciosamente.
Nenhum barulho. Muito degustar.
Um pouco de suco e depois um manjar.
Ele me engoliu por inteira.
Fui feliz, sua esposa derradeira.

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