domingo, 1 de abril de 2012

Crônica de domingos



Domingo precisa ser canônico. Iniciar ao bafo de longas tragadas pela madrugada e gostosas conversas com almas penadas. Ramos, muitos ramos pelo caminho, pois a passagem é sempre insegura, descuidada e um pouco embriagada.

Um domingo necessita de um café daqueles bem fortes e doces, escorrendo uma conversa na sala, sobre o sofá vermelho religioso. Pois, os fatos não esperam e as notícias matinais são ásperas, assim como essa língua que percorre tua vida, sem ao menos deixar vestígios.

Domingo do fim da quaresma, do início da paixão não espera o pão esfriar ao pé do fogão. Pois paixão é dolorida, já pelo nome se diz que tem sangue, tortura, morte e ressurreição. Fiquemos todos com os terços apostos para qualquer momento uma nova reza!

Domingo de Domingos é para aqueles mendigos, igual a mim e você, que sempre quer o mais de uma migalha, seja da vida, do dinheiro, do tempo, do sabor ou do amor. Pois, domingo é só um, mas Domingos tem tantos para quantos.

Um domingo fatidicamente merece uma atenção especial à preguiça do cansaço semanal. Dia de olhares distantes para o tempo que passa com cheiro de nunca acabar, com gosto de amora e pitangas espalhadas pela rua dominical.

É dia igual à virgem que na noite passada perdeu sua pureza com um purê de batata, de forma angelical.

2 comentários:

  1. Bravo!

    Ainda sobre o domingo, escreveu o cancioneiro:

    "Se o amor quer me deixar
    Me deixe num domingo
    Eu não vou reclamar
    E posso até achar
    Que ficar só é lindo"

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  2. De delícias em delícias, tragos de fofocas e risadas das mais gostosas, vamos invetando domingos e outros dias. A semana corre, corremos nós... Até danças estamos inventando, (an)danças que nos casam e cansam. Bom fazer parte dessas cultos dominicais regados a humores cítricos.

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