quarta-feira, 20 de julho de 2011

Partida


Sonhei que ao nascer, meus dias seriam pequenos demais para morrer.
Nasci de um suspiro tênue de um momento feliz,
A partir daí descobri que viver seria uma jornada tensa, intensa,
Um pouco insana demais para alguém tão catedrático.
Descobri, com o passar dos dias que aqueles dias foram coisas de pequeno veraneio.
Jeito de recém-chegado. Coisa de gente parada.
Um misto de ovelha e pastoreio...

Sonhei que ao nascer, meus dias seriam curtos demais para tanta vida.
Decidi não sofrer enquanto não viesse a morte.
Mas por que temer a morte?
Ela é só uma amiga distante, que nos comove só pela lembrança de nunca tê-la visto.
É aquela amiga que quando chega, completa-nos com sua presença e aí não precisamos de mais nada: só da morte!

Sonhei que ao nascer, partiria leve e tranquilo.
Esqueceria todos os vestígios dos amores que não experimentei e que por um fio...
Todos me visitariam em um só instante.
Deixaria para cada um aquela essência de perfeição que não fui, mas que insistiram em me nomear.

Sonhei que ao nascer já morreria. Feliz, por ter feito o máximo para prolongar o tão curto.
Todas as transgressões não foram para o seu amor, mas foram para o meu amor.
Todas as saudades, que jurastes entender, na verdade não entendeu. Porque minha saudade era única.
Era minha, era pra mim. Era nobre e era ingênua... igual a uma criança.

Sonhei... sonhei tanto que parti sonhando.
De tanto sonhar a amiga distante permitiu que eu acordasse antes de sua chegada.
Para quê? Para amar mais uma vez e todos os dias.



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