sábado, 27 de outubro de 2012

Santos de coração para fora


Sempre gostei das histórias do santos.
Não de qualquer história.
Mas deles,
dos santos de minha avó.
Achava, quando criança,
uma lástima só.
Dava dó.

Os santos dela eram mais que dos outros.
Até mais que dos padres!
Tinha lágrimas,
tinham feição
e pouca coisa de parição.

Benziam e curavam
e rezavam.
 Os santos de minha vó,
não era um só.
Era de todos nós
Os santos dos pós.

Minha vó dizia
e eu acreditava.
Eles existiam!
Era de correr água pelos
buracos dos olhos.

Santa Luzia: cega
com seus bagos de olhos
na bacia, todo dia.

Santa Maria,
a virgem
que de medo morria.

Sagrado Coração,
olhar triste
e tudo que há na mão.

As histórias de minha vó
cresciam as grandes manias
de minhas tias:
chorar pelos santos
e rezar com as bolinhas do rosário.

Quanta calvário!
Eu pensava.
Sentava ao pé da cama
e rezava.
Rezava pela minha e pelos santos
em sua hora
Que tinham cada um
o coração, por nós,
para fora.


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